Cotidiano

Galpão vira ‘cemitério’ de carros e móveis

Carros e móveis estão abandonados em um galpão que havia sido cedido para empresa beneficiada com incentivo e que nunca se instalou no local

Vários veículos e móveis estão em situação de completo abandono em um depósito do Governo do Estado localizado na Rua Rui Baraúna, no bairro Caranã, zona Oeste da Capital. No local, que atualmente está cedido à Secretaria de Gestão Estratégica da Administração (Segad) e à Polícia Civil, funcionava a empresa Plastwork Embalagens da Amazônia Ltda, que recebeu benefícios como empréstimos e subsídios do governo em 2001, mas nunca sequer abriu as portas.
Apesar de estarem na parte de dentro do depósito, trancado apenas com um cadeado, objetos como geladeiras, fogões, armários e até brinquedos infantis estão todos em situação aparentemente boa, podendo ser reutilizados normalmente. Porém, cerca de 20 carros, alguns mais antigos e outros mais novos, estão do lado de fora do prédio se deteriorando e completamente depenados, com várias peças retiradas.
O local também serve como lixão a céu aberto. Isso porque a parte dos fundos do terreno não possui muros, possibilitando que moradores próximos joguem lixo na área. “Todo dia entra alguém aí para jogar lixo ou pegar alguma peça desses carros. Era para ter um vigia para evitar que fizessem isso, mas é um lugar sem nenhuma proteção”, disse um morador, que preferiu não se identificar.
EMPRESA – No Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), a empresa Plastwork aparece como ativa, com data de abertura em setembro de 1985, desempenhando a fabricação de embalagens de materiais de plástico. No entanto, nunca chegou a ser inaugurada no depósito que hoje pertence ao governo.
A Folha foi até outro endereço, localizado no bairro Jardim Floresta, zona Oeste, que também é citado no cadastro como local de funcionamento da Plastwork desde 2002, mas não conseguiu encontrar nenhuma empresa com esse nome naquele local.
GOVERNO – A Secretaria de Comunicação do Governo do Estado não quis comentar sobre a situação dos móveis e veículos do local. Em nota, esclareceu apenas que, segundo informações do Conselho do Fundo de Desenvolvimento Industrial (FDI), a empresa Plastwork Embalagens da Amazônia Ltda não funciona mais no endereço citado, no bairro Caranã.
Conforme a nota, a empresa não obteve financiamento do FDI ou da Lei 215, apenas recebeu do Governo do Estado um galpão com 1.600 metros de área construída para instalação, pelo período de 10 anos. Porém, depois de constatado que a empresa não deu prosseguimento aos trabalhos de instalação e produção, o local voltou a ser de domínio do Governo do Estado.
Ainda conforme o governo, a empresa teve, em 2001, aprovado pelo conselho do FDI, benefícios como empréstimo equivalente a 75% do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) recolhido pela empresa, subsídio de 70% nas tarifas de água e esgoto e bolsa de custeio.
No entanto, para gozar dos benefícios, a empresa teria que apresentar um projeto financeiro-econômico junto à Agência de Fomento de Roraima (Aferr). Como o projeto não foi apresentado, a empresa não chegou a ter acesso a estes incentivos. O único incentivo foi o galpão que também já não usufrui mais. (L.G.C)